terça-feira, 25 de junho de 2013

3 homens e 1 destino. E dois intestinos.......



PARTE II



Romário e Ronaldo (o Fenômeno das esquinas da Barra) são uma prova viva e contundente de que nem tudo na vida é determinado pelos duros circuitos de produção e reprodução do Capital.

Os dois são de origem pobre. Humilde. Oriundos do empobrecido subúrbio carioca.

Os dois viram no futebol uma maneira de fugir dessa condição.

Pois se dependesse do precário sistema público de educação....

E apesar do enorme talento, um deles perigou não ultrapassar as fronteiras do campinho enlameado de Bento Ribeiro.

Ronaldo, extremamente esquálido, nem dinheiro de passagem tinha para chegar à Gávea, sede do Flamengo.

Zona Sul do Rio, área habitada pela “massa cheirosa”, como diria a Eliane Cantanhede....

E mesmo com tudo isso venceram.

Tiveram uma vida típica de boleiro bem-sucedido.

Muito dinheiro, muitas mulheres, mil polêmicas dentro e fora de campo, brigas. Indisciplinas.  Noitadas...

E muitos gols.

Títulos? A perder de vista.

Só foram campeões mundias. Consquistaram juntos a de 94 e Ronaldo o foi novamente em 2002.

Mas ainda no decorrer da carreira, algumas frases ditas pelos dois evidenciavam que as semelhanças paravam por aí.

Ao ser convocado para a última partida das eliminatórias da Copa de 94 e ao longo de vários momentos durante a preparação da mesma, Romário fazia questão de frisar o que o motivava.

“Quero dar essa alegria ao povo brasileiro. Ele merece!”

Por diversos momentos dizia que jogava para dar um pouco de alegria a um país tão pobre e descrente com seus políticos.

Claro que foi encarado como demagogia.

Média barata.

Típica de boleiro que nem de política entende...

Já Ronaldo sempre frisava que o objetivo de participar da Copa de 2006 era quebrar recordes pessoais, como o número de gols no torneio.

A Copa em que muitos dizem ter se apresentado quilos acima do peso.

O que lhe rendeu o apelido de “Fofômeno”...

Até cobrado pelo então presidente Lula ele foi. Certa feita o perguntou:

“Ronaldo, é verdade que você está gordo?”

A Copa que a imprensa alega ter comandado as baitas festas e banquetes que só terminavam 5 da manhã em Wegges...

O que importa se o Brasil fracassou?

O que vale é que Ronaldo conseguiu seu inútil recorde....

Mas o que era muito incerto e camuflado explodiu nos últimos meses.

E a diferença entre os dois, por conta dos levantes ocorridos no Brasil nos últimos dias, ficou mais nítida ainda.

Romário já havia decidido se lançar à carreira política.

Foi eleito deputado federal. Sua plataforma era ajudar as “pessoas carentes e os deficientes”.

Tudo levava a crer que se tornaria mais um político dos muitos “que estão aí”....

Ah, com esse papo. Com “esse discursinho”...

Não foram raras as vezes que a eleição de Romário era comparada com a do Palhaço Tiririca.

Como prova do estágio de profunda degradação do Parlamento brasileiro....

Quem duvidava que ele seria engulido pelos velhos caciques e picaretas do “baixo clero”?

Ronaldo seguiu caminho diverso.

Tornou-se contumaz frequentador de cassinos, palácios, hotéis 5 estrelas, banquetes, coquetéis.

 Chegou a se casar num castelo francês...

O menino surgido nas divisões de base do proletário São Cristóvão,

Havia se transformado em habitué das rodas de pocker, de ensolaradas tardes praticando o aristocrático golfe.

Dos bronzeados fandangos desfrutados em iates

Desfiles de moda em Milão, Paris, Rio, São Paulo.

Assinou contratos milionários.

Fenômeno de imagem e marketing.

Tornou-se empresário de jogadores e até de lutadores de MMA.

Ronaldo logo viu que além de dinheiro, muito dinheiro, poderia ter poder.

Muito poder...

Suas aproximações com os círculos dirigentes em vários níveis é notória.

Cartolas, governadores, políticos vários, banqueiros, megaempresários.

Não à toa conseguiu uma vaguinha no Comitê Organizador Local da Copa.

Desde sempre não viu problema nenhum com os gastos faraônicos com um evento de 30 dias....




Estádios superfaturados.

Comida estragada era oferecida aos operários em algumas obras. Ferimentos ocorriam aos montes. Até morte aconteceu em alguns canteiros.

Mas Ronaldo fez questão de visitar alguns deles.

Para apurar alguma denúncia? Algum abuso contra os direitos desses pobres trabalhadores? Para cobrar explicações? Para pedir que a justiça fosse feita?

Que nada, ele fez muito melhor: passou por cima de tudo isso, como se não existisse, e tirou belas e iluminadas fotos batendo bola com alguns trabalhadores.

Para mostrar que “não há motivos para não acreditar nessa Copa”...

Tudo ao lado de Jérome Valcke, o homem que chegou a defender que “os brasileiros precisavam levar um chute na bunda!”

E os hospitais caindo aos pedaços, escolas quebradas, portos asfixiados, transporte à beira do colapso.

O aeroporto do galeão nem ar-condicionado tem mais....

Mas quem se importa?

Até porque pouco do seu precioso tempo ele perde vivendo no Brasil....

E fundamental para o seu plano desmedido e ganancioso de poder: tratou de se aliar a Ela...

A toda-poderosa global.




Até dinheiro para perder barriga teria ganhado da emissora.

Milhões segundo alguns....

Ronaldo viu na Globo a tacada decisiva, a “medida certa” para pavimentar a tomada de poder da CBF.

Quer porque quer ser o seu novo presidente.

Para tanto não piscou ao ter que atropelar a ética.

Tornou-se comentarista de futebol da emissora.

Mesmo fazendo parte do COL...

Mesmo sendo empresário de Neymar e Lucas....

Como ele poderia criticar os jogadores que são pra ele fonte de muito dinheiro?

Ninguém sabe. E a Globo com isso?

Mas a parceria já vinha de anos. Literalmente.

Foi consolidada após o affair do Fenômeno com 3 travestis numa fogosa madrugada na Barra....

Se negou a falar com a imprensa.

Menos com a Globo....

Deu uma entrevista exclusiva no Fantástico.

E fim de conversa...

Simples assim.

Meses depois uma das travestis, Andrea, apareceria morta. De repente.

Vítima de pneumonia...

As outras duas: ninguém sabe, ninguém viu.

É claro que Ronaldo não tem nada a ver com isso. Foi pura coincidência.

A parceria com a global prometia. Depois da Copa, a tomada da CBF....

Ronaldo faria o papel de uma espécie de cabeça-de-ponte da emissora na entidade.

Seria Ela na verdade a dar as cartas....

Tudo parecia caminhar maravilhosamente bem.

Parecia....

Com a explosão da revolta da população brasileira, as Copas da FIFA passaram a ser duramente postas em xeque.

E no meio de toda a convulsão, veio à tona um vídeo de Ronaldo, feito há cerca de um ano, com declarações dele sobre a Copa....



Declarações infames.

Absurdas....

Um insulto a classe trabalhadora desse país.

Um deboche a um povo humilhado por um sistema de saúde pelo qual ele paga um dos impostos mais caros do mundo.

Revoltante....

Ronaldo foi claro. E disse até com certa agressividade: “Copa se faz com estádios, não com hospitais... pô!”.

A reação foi imediata. Ronaldo passou a ser o maior alvo entre as personalidades fora do âmbito político....

As redes sociais canalizaram uma avalanche de insultos e agressões verbais.

Muita gente considerou aquela declaração um chute, não no traseiro, mas na cara dos cidadãos e cidadãs desse país.....


Ronaldo sentiu o baque. E se defendeu. Ou pelo menos tentou...

Fez um discurso bonito, de apoio às manifestações.

Só faltou usar a máscara do Anonymous.

Mas não convenceu.

Mas ele queria o quê?

Ele acha realmente que o Brasil é a extensão do mundo de mentira dos circuitos que ele tanto gosta de transitar?

Depois de ditas, as palavras não mais nos pertencem....

O povo sabe com quem Ronaldo gosta de se sentar à mesa.

E sabe que não é com quem sofre com absurdos e descasos do poder público.

Que não é com quem tem sede de justiça, de dignidade.

Que não é com quem sofre nas quilométricas filas dos açougues que compoem o sistema de saúde do país afora.....

Com quem é aviltado pelas atrocidades, pelos crimes perpetrados por vândalos investidos com cargos e imunidades parlamentares.

Por isso ele sente que até o seu plano de poder está ameaçado....

As brincadeiras e gozações referentes ao caso dos travestis foram retomados com força. Muita força. E Ronaldo sente...

  






Leonardo Soares é historiador e acha que quem se amarra em travestis não precisa de cura.

domingo, 23 de junho de 2013

3 homens, 1 destino. E dois intestinos.....






PARTE 1 


O que já era evidente antes dos motins que abalaram o Brasil, ficou mais do que cristalino agora.

Com palavras e, fundamentalmente, ações, três dos grandes nomes da história de nosso futebol deixaram claro o que pensam sobre o país.

Seu presente, seu futuro.

E a importância que a vida dos brasileiros têm em suas preocupações cotidianas.

Ou não.

Comecemos por Pelé. Rei do futebol.  

Figura mitológica dos gramados. Milionário.

Mas que curioso, ganhou muito mais dinheiro depois que parou de jogar.

Vendendo sua própria imagem.

A imagem do Rei, a do atleta do século.




A imagem ganhou tal dimensão a ponto de Pelé se referir a ele mesmo sempre na 3º pessoa.

Mas Pelé nunca foi unanimidade.

Suas namoradas e esposas, todas brancas, e quase todas loiras, suscitavam acusações de que nunca teria assumido sua condição de homem negro.

Até seu título de Rei do Futebol era contestado. Que o diga a Argentina.

“Si Pelé és Rey, Maradona és el Dios” – mangavam os irreverentes argentinos.

E a disputa entre os dois sempre foi acirrada.

A ponto de Maradona ter chamado Pelé de “macaquito”...

Mas Pelé não deixava por menos. E revelava uma faceta importante de seu caráter.

Por mais de uma vez, quando criticado por Diego, Pelé com alta dose de crueldade, replicava em tom irônico: “não vou responder a ele. Até por respeitar o problema dele com as drogas”.

Era conhecida a dependência do craque argentino frente à cocaína.

Aquela frase – lamentável – foi dita ainda nos Stade Sant Denys, após a surra aplicada ao Brasil pela França na final da Copa de 98.

Mas o destino tratou de ser irônico. Anos depois, Edinho, filho de Pelé era preso sob a acusação de tráfico de drogas.

Para amenizar a pena, Edinho declarava que era apenas usuário...

Pelé deve ter se arrependido. Sofreu na pele com o mal que afligia Diego.

E o destino tratou de agir com requintes de crueldade quando Pelé narrou todo o seu drama em pleno programa de TV na Argentina.

Programa apresentado por ele, El Dios...

E chegou a ser constrangedor, quando Pelé aos prantos foi socorrido com um lencinho branco oferecido por Diego.

Mas nada é comparável com o que sofreu Sandra Regina.

Nascida de um caso de Pelé na juventude.

Paternidade comprovada, mas depois que a Justiça assim determinou.

O reconhecimento de Pelé era apenas protocolar, nunca quis falar com Sandra. Esta sempre jurou que nunca pediu nada a ele.

A não ser ter alguém para “poder chamar de pai”.

Sandra se tornaria vereadora por Santos. Por duas vezes.

Conseguiu tornar lei um projeto que tornava gratuito o exame de DNA.

E Edson Arantes continuava sem querem qualquer tipo de aproximação.

Mesmo quando em 2005 com o diagnóstico de câncer de mama de Sandra.

Em fase terminal, Sandra ainda esperava receber uma visita de Pelé.

E que seria a primeira e última.

Seu marido revelaria que dias antes de morrer, apesar de muito debilitada,  em estado pra lá de precário, Sandra tinha o cuidado de se maquiar, para poder receber a derradeira visita de seu pai.

O que nunca ocorreu!

Pelé, o Edson, ainda enviaria flores no velório que não compareceu, em nome das Empresas Pelé.

Os parentes de Sandra devolveram.

Pelé sempre foi um entusiasta da Copa no Brasil.

As possibilidades de lucro eram tantas, que reataria relações com Ricardo Teixeira.

Com quem tinha rompido há décadas.




E desde então, com a escolha do Brasil em 2007 pela FIFA, Pelé esqueceu toda e qualquer tipo de inimizade.


E assinou vários contratos de publicidade, ganhando com sua imagem. Como de costume...

Para ganhar dinheiro, Pelé não hesitaria em defender as Olimpíadas de Inverno em plena selva amazônica.

Mas tudo desandou nos últimos dias.

Na estréia do Brasil na Copa, no sábado, a Presidente recebeu uma estripitosa vaia no Manezão.

Triste indício – para ela – que o povo desistiu de ser mané.

E Pelé com isso? Ele estava gravando um comercial.

Na semana seguinte, o Brasil se tornaria um barril de pólvora.

E a reação de Pelé foi deprimente.

Um escândalo.

Disse num vídeo em alto e bom tom que o povo tinha que parar com isso, “esquecer”.

Era preciso só pensar na Copa, “torcer pela Seleção”.

Tinha que parar com essas “manifestações”, com esse “tumulto todo”.

Pois tudo “não passava de uma grande confusão”.

A reação foi quase imediata.

Pelé foi duramente atacado nas redes sociais.

Virou alvo da inflamada massa.

A famosa frase de Romário “Pelé calado é um grande poeta” ganhou estatus de grito de protesto. Virou alvo.

Foi jogado na vala comum das personalidades enxovalhadas pelos manifestantes.

Pelé não percebeu que não vive mais na ditadura.




Que o povo não se satisfaz apenas com futebol.

Ele ainda não entendeu que a realidade é bem diferente.

Que a miséria, injustiça e corrupção não podem mais ser sublimados com o famoso “Pra frente Brasil”.

Que se possa esquecer todas as mazelas a partir do momento que a bola role.

E viu que havia falado besteira.

Tentou consertar. Mas a emenda foi pior que o soneto...

O povo percebeu. E não aceitou.

Manifestantes não perderam a oportunidade.

Em plena Três Corações, terra natal do Rei, puseram uma mordaça na sua boca.

O recado foi claro. Desse jeito e com essa mentalidade, é preferível que Pelé seja o maior dos Poetas.




 Leonardo Soares é historiador.

sábado, 15 de junho de 2013

Imagina na Copa.





Dois cenários deprimentes. Violentos – cada qual na sua torpe maneira. Triste. Indigno. Impressionante que um país como o Brasil ainda possa testemunhar cenas como essas. E todas – é impossível não imaginar – nos remetem aos terríveis e podres anos de maior ferocidade da ditadura implantada em 1964: falo do período que vai do AI-5 do general Costa e Silva (primo distante do Pinochet), decretado em 68, até a Copa de 70, já no (des)governo Médici.

No primeiro cenário de horror temos os protestos em várias cidades do Brasil contra o assalto das empresas de ônibus – com a conivência dos governos, inclusive do PT. A ferocidade com que as manifestações do povo foram reprimidas – principalmente em São Paulo - causam apreensão. Mas, vamos lá, esperar respeito às normas que deveriam nortear o estado democrático de direito por parte da polícia, ainda mais uma polícia comandada pela Junta Tucana (encastelada há quase 20 anos no Palácio dos Bandeirantes) seria o mesmo que esperar a resolução de equações de física quântica por parte  da Valeska Popozuda....

E ainda por cima a polícia do Geraldinho encarcerou vários jornalistas. Um ataque insano à liberdade de informação e de imprensa. Algo impensável de ocorrer em qualquer país minimamente civilizado. Agora, imaginem se tivesse ocorrido algo parecido na Venezuela ou na Argentina? Ou no Irã?

As balas, cassetetes, bombas, patadas de cavalo e sprays não atingiram apenas as vítimas da covardia institucionalizada. Atingiram fundamentalmente a sempre precária democracia brasileira. O Estado mais uma vez patrocina ações de terrorismo, de afronta, de ataque irracional contra os pilares da República nacional. As polícias mais uma vez se mostram despreparadas para lidar com manifestações públicas, com formas simples de protesto, de defesa de direitos políticos e sociais. Ela – a puliça - não aceita acatar preceitos comezinhos de qualquer republiqueta que se preste: respeito ao cidadão, defesa de sua integridade, respeito às normas democráticas etc.


Não, para a nossa polícia não! Ela se nega até hoje a enterrar de vez suas origens. Lembrando que tais corpos de milícia foram criados nos albores do século XIX, em plena vigência do regime escravista. A do Rio, por exemplo, tinha como função primordial a defesa da economia senhorial, ficando a seu cargo inclusive a captura de escravos. Isso mesmo, a força policial agia como capitão-do-mato meus amigos. Vide o brasão da veneranda instituição: um raminho de cana e café. Sórdido, não? Claro, que qualquer semelhança com os dias atuais é mera coincidência...




Portanto, não só a tropa fluminense como os aparelhos dos outros estados nunca tiveram como função precípua a defesa do cidadão, mas exigências do latifúndio, da economia escravista, com base no porrete, mosquetão e terror. E outra constante: tudo defendido pelos liberais da época. Portanto, ao vermos uma figura como a do economista liberal Rodrigo Constantino defender a repressão policial como uma medida salutar da democracia liberal, não se amendrontem. Não minha gente: isso não é falta de respeito à inteligência humana. Isso é a essência do pensamento(sic) liberal....

Mas nada é mais deplorável do que a cobertura jornalística(sic) sobre os acontecimentos por parte da grande imprensa. Como todos sabem as manifestações de protesto foram saudados pela mídia como “baderna”, “ato de vandalismo”. Chegou-se mesmo a estampar como “ato terrorista”. Agora, uma bala(êpa!) para quem adivinhar qual veículo de imprensa foi capaz de estampar tal barbaridade: ah, claro, sempre ela, o pasquim que atualmente é o que mais deplora não apenas a democracia, mas o próprio fato do Brasil ser habitado por seres humanos que não sejam ricos e brancos – sim, a nossa Revista VESGA.  E, assim, tudo que se associa com luta ou resistência pela democracia é taxado de terrorismo, fascismo, cubanização, comunização da pátria. Que revista brega.... não vale nem 20 centavos!




 E agora com a internet e com a chamada TV interativa é possível sondar as reações de boa parcela da população que se deixa guiar por esses aparelhos privados de tortura intelectual e moral de nome mídia. Muita gente que afirma ter “a mente e os olhos abertos(!!!!)” por essa imprensa ainda se manifesta e declara total apoio às suas linhas editoriais. As postagens dos aficcionados por essa escória impressionam. Todos, quase sem exceção apóiam a volta da ditadura, o uso indiscriminado da violência. E, claro, muitos ainda dizem que também defendem Deus, Pátria e Família.....

Um dos articulistas endeuzados pela fina-flor do neonazismo tupiniquim chega a defender a aplicação da Lei de Segurança Nacional contra os “terroristas”, isso porque, segundo o sujeito, ainda não há no país leis anti-terroristas para pôr cobro às canhestras ações desses sequazes a serviço – quem sabe? - de alguma camarilha anarco-radical-marxista-esquerdista-neopetencostal (agora vem a dúvida sobre a sede da matriz: Pequim, alguma gruta do Afeganistão, Caracas ou Pyongyang?). Tudo é possível na mente delirante e psicótica desse paladino da democracia. Democracia acéfala, sem povo e que só serve se servir aos desígnios do Capital.

No segundo, o cenário beira o caricato. Um show de ufanismo cercando a abertura da Copa das Confederações e a estréia da Seleção Amarelona do Felipão Scolari. Técnico que conclama a todos, inclusive a imprensa, a parar de ver o que está errado, a tentar ser mais patriótica, a abraçar a seleção, pois ela representa o nosso país. E pede para que só nos preocupemos em passar uma imagem boa de nossa terra.



Mas como assim Felipão? Como esquecer que essa Copa é a mais cara de todos os tempos? De que só essa Copa é mais cara de que todas as três anteriores juntas? Como esquecer as 12 arenas superfaturadas? Como esquecer que depois de Lula prometer que não seria gasto um centavo público, faltando um ano para a Copa, já  se foram dos cofres públicos mais de 80 bilhões de reais? Como esquecer que isso poderia ter sido voltado para um sistema de saúde em frangalhos, para o ensino público em petição de miséria, para as obras do PAC empacadas, para salvar conjuntos habitacionais que estão afundando, para os aeroportos sucateados, para as esburacadas estradas do sertão afora? Como esquecer a falta de transparência? Como esquecer as denúncias que pairam sobre o atual presidente da CBF? Como esquecer os furiosos ataques dele contra Vladimir Herzog, poucos dias antes dele ser estraçalhado nos porões do DOI-CODI? Como esquecer que hoje o Brasil ocupa a 22ª posição do ranking, atrás da Grécia, Croácia e só um pouco acima do Mali? Como esquecer que a Fifa, os governos e as empresas que lucram com a farra das obras estão expulsando o povo pobre, trabalhador e negro dos estádios?

Não Felipão. Assim não dá, assim não pode. Até o público de dentro do estádio não pensa assim. A estrepitosa vaia contra a Presidenta é emblemática. “É, mas foram os ricos” – se apressam em defender os defensores do ParTido. Ricos que estavam ali – e só eles - porque o governo assim quis. Deixando que a Fifa expulse o povo dos estádios. O povo pobre e negro principalmente. Mas estes estavam lá fora no momento da “festança”. Tomando bomba, alguns sendo atropelados, levando cacetete na carcaça. Ações lamentáveis, só a engrossar a lista de crimes da Copa. 


Mas expulso dos estádios de futebol, o povo agora procura o espaço da Rua. E incomoda não apenas os poderosos como a grande imprensa. 

O brasileiro parece ter cansado de ser Mané. Imagina na Copa.   




Leonardo Soares é historiador e defende o uso do Vinagre para fins democráticos.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Audiência Pública - Violência no campo em Campos


Câmara Municipal de Campos sediará Audiência Pública sobre Violência no Campo


A Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da ALERJ voltará a Campos dos Goytacazes para realizar uma nova audiência pública.

Este evento se destinará a discutir a questão da violência no campo, tendo como foco os recentes assassinatos de Cícero Guedes e Regina Santos, duas lideranças do MST em Campos dos Goytacazes.

Abaixo segue o convite que está distribuído para todos os interessados no assunto!

O evento ocorrerá no dia 17/06/2013 a partir das 14:00 horas no plenário da Câmara Municipal.

sexta-feira, 7 de junho de 2013



A imprensa carioca prova assim com quantos neurônios se pode fazer um jornal. Ou seja, com quase nenhum.....


No último dia 25 de maio teve início o Campeonato Brasileiro de futebol. Cheio de problemas, limitações e confusões. Estádios fechados, outros a meia boca, por conta das obras para a Copa do Mundo da Fifa no Brasil (toda ela sustentada pelos cofres públicos, ou seja, dinheiro do povo brasileiro); escassez de craques, vários já foram vendidos ou estão em vias de sê-lo como Neymar, talvez a única revelação de alto nível do futebol brasileiro nos últimos 10 anos. Assim o campeonato pode começar sem o seu maior craque.

O caminho ficará mais do que livre para outros cracks. Literalmente: Carlos Alberto, Deco, Michael e - quiçá - Adriano (que jura que volta a jogar assim que as noitadas permitirem). Quanto aos outros acima, como podem? Ah, o que esperar de um julgamento em que a advogada de defesa é só a filha do presidente da Federação de Futebol do estado? Dá pra acreditar? Não daria se fosse em qualquer lugar que não o Brasil...


E não esqueçamos dos outros craques. Os craques de meia-idade. Que não têm condições nem de chutar um escanteio nos campeonatos europeus, mas que aqui passeiam sem ser incomodados, sem nenhuma concorrência. Olhem os exemplos de Seedorf, Lúcio, Zé Roberto e o próprio Deco. Mesmo Ronaldinho Gaúcho, o grande jogador atuando no Brasil junto com Neymar já há muito deixou de ser um garotinho.

E o que é pior, para acabar de desmoralizar o futebol brasileiro o Milan resolveu tentar contratar o Seedorf. Para ser o maestro na nova equipe, o grande líder de uma nova era? Não! O quer para ser técnico. E ele já adiantou: quer jogar mais um ano. Mas sabe que isso só é possível no parco e deprimente cenário futebolístico que impera nesse país.


Mas com tudo isso o campeonato ao menos contribui para injetar no futebol desse país algo de civilizado, que é o sistema de pontos corridos. Mas civilidade, respeito às normas, rejeição ao caos e à bagunça, um mínimo de cortesia aos torcedores que sustentam essa indústria e priorização do aspecto técnico e da questão do mérito (em detrimento do acaso e da sorte) é algo que descabela, enerva, tira do sério parte da crônica esportiva.

Tal crônica se alimenta da precariedade. Até por ser aliada, amiga e tecer relações de dependência com o que há de mais nefasto em nosso futebol. Muito do que o futebol brasileiro é hoje (ou seja, quase nada. Perdendo para a Grécia, Croácia e Rússia no ranking) se deve a ação coordenada dessa matilha.


Mas se essa gente ficasse no seu canto apenas torcendo contra a modernização do nosso futebol, vá lá. É um direito que cabe a qualquer um. Inclusive de ser reacionário, dos mais mesquinhos. Mas não. Parte dessa crônica insiste em insultar nossos parcos neurônios desfiando um sem número de barbaridades contra a inteligência humana.

Um deles adora classificar tal campeonato de "a grande procissão". Tendo a coragem de distorcer a verdade dos fatos afirmando que é o campeonato mais longo do planeta. Mas o insigne defensor do atraso mascara o detalhe tão óbvio - a qualquer criança que já balbucie uma palavra que seja - que todos,  eu disse TODOS os campeonatos civilizados mundo afora duram bem mais que o campeonato brasileiro. Enquanto este dura apenas 6 meses e meio (se tanto), os demais - da Espanha e Inglaterra ao Afeganistão, Chipre e Moldávia - duram de 9 a 10 meses.

E não é só isso. A média de público de qualquer campeonato desses é bem maior não só do que a do campeonato brasileiro, mas infinitamente maior do que a desses campeonatos(sic), na verdade disputas de canecos horrorosos que dão o nome de "campeonatos estaduais". Disputados no sistema endeuzado por essa gente -  o mata-mata. Nome mais do que ilustrativo. Os tais mata-mata possuem média de público que superam se tanto os campeonatos do Vietnã ou de Papua Nova Guiné. O do Rio mal passa de 2 mil. O de Brasília são exatos 844. O do Amazonas nem isso ....

Esses campeonatos matam a paixão do torcedor no Brasil.

Para completar, o apólogo do atraso ainda tem a desfaçatez de declarar que os campeonatos europeus, por serem de pontos corridos, não despertam nenhuma emoção, até porque acabam com "10 rodadas de antecedência": ora, como explicar as médias de 60, 70 e 80 mil de vários campeonatos europeus? Realmente, paixão pelo atraso e honestidade intelectual (inclusive pelos números) não combinam.

Formas anacônicas e dantescas de campeonato, os mata-mata só existem no Brasil. Um absurdo. De péssimo nível técnico, só sobrevivem por conta dos interesses politiqueiros de federações, uma  emissora de TV e, fundamentalmente, da incapacidade e covardia dos grandes clubes brasileiros. Eles matam sim, mas matam de tédio. E de vergonha também.


Defender esse estado de coisas, tudo bem. Um direito que cabe a essa gente. Mas querer vender a imagem de que esses mata-mata contagiam, emocionam e levam ao delírio toda a nação brasileira - PERA LÁ.

Respeito é bom e meus neurônios gostam!




Leonardo Soares não é Ministério da Saúde, mas adverte: ler Revista Veja, sem moderação, pode causar a descrença na espécie humana.

domingo, 2 de junho de 2013

Revista Convergência Crítica 

Derechos humanos (dossier)


Los editores, integrantes del Núcleo de Estudios e Investigaciones en Teoría Social 
(NEPeTS) con sede en el Polo Universitario de Campos de Goytacazes, dependiente
 de la Universidad Federal de Fluminense (Ciudad de Campos, Estado de Rio de 
Janeiro), invitan a investigadores Latinoamericanos a presentar artículos para
 considerar su publicación en la Revista Convergencia Crítica, de reciente aparición. 
Los originales deben seguir los siguientes requisitos:

  • Pueden ser enviados en Portugués y Español. En este último caso,
  •  deberá adjuntarse un resumen en portugués. 
  • Los artículos deberán tener un máximo de 25 páginas, letra Times 
  • New Roman, tamaño 12, espacio 1.5
  • Las notas al pie de página deberán tener un tamaño de letra de 10.
  • El resumen deberá tener un máximo de 250 palabras, y entre un 
  • mínimo de 3
  •  y un máximo de 5 palabras clave.
  • Deberá usarse un procesador Microsfot Word, Open Officce o RTF.



El tema del proximo dossier será DERECHOS HUMANOS, SOB UN PUNTO 
DE VISTA SOCIOLOGICO Y HISTORICO.

Mayor información se encuentra disponible en la web de la Revista: http://www.uff.br/periodicoshumanas/index.php/convergenciacritica/index