quarta-feira, 14 de maio de 2014






Além de apaixonado pela música e pela cultura nacional, Jair Rodrigues foi um dos maiores entusiastas do Golpe de 64 e da Ditadura Militar que se lhe seguiu. Num belo texto, o historiador Gustavo Alonso mostra essa faceta tão pouco divulgada do nosso Jair.

Em "Ame-o ou Ame-o - A Música Popular e as Ditaduras Brasileiras", lemos nas págs. 4 e 5:


"Outro que se encantou com o discurso dos militares foi Jair Rodrigues, que cantou “Heróis da liberdade” em 1971, no LP É isso aí . Tratava-se de uma regravação de um samba-enredo do Império Serrano de 1969.
Quando serviu de tema para a escola carioca, a canção até poderia ser lida de forma menos patriota. Mas com as comemorações pelos 150 anos da independência se aproximando, o tom da música era por demais enaltecedor: “A independência laureando/ o seu brasão/ Ao longe, soldados e tambores/ Alunos e professores/ Acompanhados de clarim/ cantavam assim/ Já raiou a liberdade...”. Não era a primeira vez que Jair flertava com o discurso oficial. No LP
Festa para um rei negro,do ano anterior, Jair já havia gravado “Terra boa”, do repertório da dupla Don & Ravel, compositores de marchas apologéticas ao regime, como “Eu te amo meu Brasil” e “Você também é responsável”.
Curiosamente a imagem de apologista do regime parece não ter respingado em Jair, talvez por sua imagem de fundador do programa O Fino da Bossa, junto com Elis Regina em 1965, ainda estar muito em evidência na época. O programa da TV Record foi um dos agregadores e catalisadores do conceito de MPB na mídia, na indústria cultural e na sociedade. No entanto Jair foi ainda mais fundo e, sem dar margens para dúvida, em 1972 gravou a canção “Sete de Setembro” (Ozir Pimenta/Antonio Valentim), que serviu de trilha sonora do Encontro Cívico Nacional, que marcou a abertura do Sesquicentenário
da Independência."
(...)

Texto completo aqui.

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