Depois de alguns minutos da horrenda partida perpetrada contra o gramado do Morumbi, Mano Menezes daria uma declaração
das mais lúcidas em toda a sua desastrosa passagem pelo selecionado canarinho
(em dois anos mais de 90 jogadores foram convocados, o Brasil em 13º do
ranking....):
“- O Brasil não jogou mal”.
Tens razão Mano. Você está certo, muito certo, certíssimo. O
Brasil não jogou mal. Longe disso. O Brasil jogou super hiper mega power mal.
Pra ter jogado mal, apenas mal, só mal, mal puro e simples, o Brasil deveria
ter jogado muito mais do que jogou naquela insossa tarde paulista de 7 de
setembro. O dia da Independência. O dia do grito de D.Pedro I, o imperador
português.
Como se não bastasse a provocação de realizar uma partida da
seleção nacional, em pleno 7 de setembro, no coração da Paulicéia. A mesma
terra que se rebelou contra a União em 1932, na Revolução Constitucionalista.
Até hoje o 9 de julho é feriado estadual (ou nacional para os bandeirantes).
Certamente ninguém que estava no estádio deve ter o mínimo conhecimento do que
foi ou o que representou tal revolução. E nem precisa. Pois a má-vontade com
que a seleção é historicamente recebida na terra da garoa tem muito a ver com
esse evento. E a rivalidade futebolística com o Rio só acirrou esse
comportamento. Por muito tempo a seleção era vista como o time da CBF (antes
CBD) que sempre teve a sua sede na rua do Acre, localizada no que foi por muito
tempo a ensolarada capital da República. Repito: muitos não têm a menor noção
de tais aspectos, dos dois citados acima. E nem precisa: basta saber que depois
de 10 minutos em campo quem é paulista de verdade tem o dever cívico de vaiar,
xingar e infernizar o selecionado que dizem ser do Brasil, que dizem
representar a todos (inclusive São Paulo). Não importa que os paulistas não
tenham o mínimo conhecimento histórico. Que devaneio imaginar que eles vaiam a
seleção porque veem ali o símbolo de um movimento que trucidou com o seu
levante em 32. Não, mas é inegável que as raízes da hostilidade e mesmo
agressividade dos paulistas para com a verde-amarela tem aí suas raízes.
Ato perene e consolidado ao longo de inúmeros jogos disputados
décadas a fio nos gramados do Pacaembu e Morumbi. Não só a medíocre seleção de
Mano sofreu com isso. Não, o ato de vaiar não se deve a uma questão puramente
técnica. De desaprovação ao futebol jogado pelo time. Praticamente todos os
nossos grandes craques pós-Vargas sofreram com isso: Garrincha, Gérson, Bebeto,
Romário, Ronaldinho, o Gaúcho, Zico, Júnior, Falcão. Até mesmo Pelé, mesmo
tendo feito carreira no estado, mas jogando com a seleção não deixou de ouvir suas
vaiazinhas. Tais craques conquistaram o Mundo. O mundo todo com a camisa da
Seleção. Mas, por favor, não incluam São Paulo nessa conta. Como não lembrar da
seleção de Parreira, que em 93 num jogo das eliminatórias contra o Equador, foi
hostilizada praticamente durante todo o jogo. Ao ponto de ter um gol seu, marcado
pelo Dunga, estrepitosamente vaiado. Uma coisa incrível.
Não à toa Ricardo Teixeira decidiu praticamente limar Sumpaulo do roteiro de jogos da seleção. O Brasil ficou simplesmente 7 anos
(1993-2000) sem pisar em território do estado “que carrega o país nas costas”
(uma piada muito difundida por aquelas bandas....).
Mas Marín quis mostrar o quanto é poderoso. O quanto não se
dobra a qualquer tipo de melindre, com o único intuito de escancarar a tudo e a todos
– em especial as federações que ainda não se dobraram completamente à nova
hegemonia paulista no comando da CBF, que a entidade tem um dono. Mas um dono
que tem um compromisso maior com a federação que o projetou: a paulista. E por isso
jogou a Seleção às feras. Mas, lógico, tratou de tomar suas precauções.
Escolheu a dedo uma seleção pra lá de fraca. Queria uma vitória contundente
dentro de campo. Para coroar a vitória política fora dele. Por isso a sofrível
África do Sul. Mas, o que se viu? O time de Mano se esmerou em irritar, acabar
com o feriadão dos manus.... Ofereceu a eles um espetáculo dos mais pobres. A seleção teve a proeza de fazer com que os africanos dominassem boa parte do jogo.
Triste.
Deprimente.
Chegando às raias do cômico. Do bufo.
Patético!
Medíocre. Bota medíocre nisso!!
Caricato mesmo. Uma indignidade....
Nem os paulistas mereciam!! Embora até eles esperassem um
bom resultado (mas esperar o que meu Deus do céu... O quê?)
Um absurdo...
E assim segue Mano tentando montar seu time. Se já
conseguisse montá-lo, independente de jogar bem ou não, já seria uma conquista.
Seria aqui o primeiro a entoar o “We are the champions”. Pois o que temos hoje
não passa de um bando. Ficamos sem saber se podemos encarar times medianos. O México
já provou isso. O Brasil não jogou. Nem pode fingir jogar. O que times como
Corinthians conseguem....
Segunda no Recife o Brasil tem o seu mais novo desafio. Irá
enfrentar a poderosa China. Que não deve estar nem entre os 200 do ranking. E
aí Mano, vai dar pra encarar? A tensão é grande. O treinador não se encontra. Mais
de 90 jogadores convocados. Mais de 2 anos de trabalho. Dezenas de jogos contra
times fraquíssimos. E nada. E 13º do ranking. Quanta trapalhada Mano. Mas longe
de fazer rir, é de nos fazer chorar. E a Copa chegando.
Tá mal Mano. Um absurdis...
Leonardo Soares dos Santos, é historiador, Professor do Curso de História do Polo da UFF/Campos. E apesar de ser brasileiro, já desistiu faz tempo da Seleção.
Eu avisei Mano......com mais de dois meses de antecedência. Mas vc não deu ouvidos. Fazer o quê???
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